domingo, 12 de fevereiro de 2012

Noite De Outubro

Lá Fora o Vento Sopra
sem vergonha e sem Limite,
A Chuva que o acompanha
não tem nota musical, mas não
faz de si sua única ouvinte.

Aqui Dentro o tempo que sobra
não tem hora e Não tem Limite,
a Musica que me faz compania
Não é Obra orquestral, mas não
faz de mim seu único Ouvinte

Os Versos que aqui são escritos,
não tem vida como os versos de lá!
A Organização daqui me faz lembrar
o seu Jeito Desorganizado, mas não
faz de mim o único a Notar

As Perguntas que Aqui são ditas
não tem respostas como as perguntas de lá
O meu espaço daqui me deixa sufocado
sua Presença parece me deixar mais livre
mas sua ausência parece me deixar inseguro.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Ausência


Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz Não te quero ter porque em meu ser está tudo terminado.

Quero só que surjas em mim
como a fé nos desesperados Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.

Eu deixarei ... tu irás e encostarás
a tua face em outra face Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite Porque eu encostei a minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
(Vinícius de Moraes)

(Atualizando o Blog)